Soneto de fidelidade:
"De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja eterno enquanto dure."
(Vinicius de Moraes)
Sabe, a dor é uma coisa relativa.
Ela vai e volta.
Ou passa... Depende.
Uma lágrima não é sempre de dor. É também de alegria, de emoção, ou é, simplesmente, uma lágrima.
Aquela sem motivo. Aquela derramada por ver uma folha caindo no chão.
O amor não é sempre alegria. Muito menos sempre dor. É uma mistura dos dois. Quando você sente alegria e dor ao mesmo tempo, aí, está perdido... perdido e apaixonado.
A dor da dúvida. A alegria da certeza. A dor da saudade. A alegria dos olhares se encontrando.
Dor... Alegria... Dor... Alegria...
Se intercalando. Se misturando.
Resultando em "duas vogais, duas consoantes e dois idiotas".
A-M-O-R.
Assim... Substantivo, abstrato, sem definição. Afinal, nem o melhor e mais completo dos dicionários consegue definir essa pequena palavra, de apenas quatro letras.
Uma coisa que nos faz viver, morrer, reviver, e morrer de novo. Ou que, se tiver sorte, apenas nos faz viver. Mas aí não tem graça, não é amor...
Amor, aquele de verdade, tem aventura, tem todo aquele risco de não ser nem perto o amor de verdade, e no final, acabar sendo... tem medo... tem brigas... discussão.
Tem abraços, beijos, carinhos e carícias. Tem fogo. Tem paixão.
"O amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.
Uma confusão de bocas,
uma batalha de veias,
um reboliço de ancas,
quem diz outra coisa é besta."
(Gregório de Matos)
Além disso tudo, o amor é:
um embaraço de cabelos (ainda mais se forem cacheados),
uma união de problemas,
um breve tremor dos dedos.
Uma confusão de sentimentos,
uma batalha de palavras,
um reboliço de pensamentos,
e quem diz outra coisa é anta.
Cada um tem seu jeito de amar, sua definição para amor. Mas o amor, ah, o amor... O melhor, e o pior dos sentimentos.
Fiel, como um cachorro. Idealizado, como um daqueles escritores do romantismo. Doloroso, feito uma picada de abelha. Feliz, como eu... como você.
"Hoje eu quero paz de criança dormindo
ResponderExcluirE o abandono de flores se abrindo
Para enfeitar a noite do meu bem
Quero a alegria de um barco voltando
Quero ternura de mãos se encontrando "
Só um trecho de Dolores Duran.
Adorei o poema,Gregório de Matos é incrível!