terça-feira, julho 06, 2010

Fidelidade.

Soneto de fidelidade:

"De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja eterno enquanto dure."

(Vinicius de Moraes)


Sabe, a dor é uma coisa relativa.
Ela vai e volta.
Ou passa... Depende.
Uma lágrima não é sempre de dor. É também de alegria, de emoção, ou é, simplesmente, uma lágrima.
Aquela sem motivo. Aquela derramada por ver uma folha caindo no chão.
O amor não é sempre alegria. Muito menos sempre dor. É uma mistura dos dois. Quando você sente alegria e dor ao mesmo tempo, aí, está perdido... perdido e apaixonado.

A dor da dúvida. A alegria da certeza. A dor da saudade. A alegria dos olhares se encontrando.
Dor... Alegria... Dor... Alegria...
Se intercalando. Se misturando.
Resultando em "duas vogais, duas consoantes e dois idiotas".
A-M-O-R.
Assim... Substantivo, abstrato, sem definição. Afinal, nem o melhor e mais completo dos dicionários consegue definir essa pequena palavra, de apenas quatro letras.
Uma coisa que nos faz viver, morrer, reviver, e morrer de novo. Ou que, se tiver sorte, apenas nos faz viver. Mas aí não tem graça, não é amor...
Amor, aquele de verdade, tem aventura, tem todo aquele risco de não ser nem perto o amor de verdade, e no final, acabar sendo... tem medo... tem brigas... discussão.
Tem abraços, beijos, carinhos e carícias. Tem fogo. Tem paixão.

"O amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.
Uma confusão de bocas,
uma batalha de veias,
um reboliço de ancas,
quem diz outra coisa é besta."

(Gregório de Matos)



Além disso tudo, o amor é:
um embaraço de cabelos (ainda mais se forem cacheados),
uma união de problemas,
um breve tremor dos dedos.
Uma confusão de sentimentos,
uma batalha de palavras,
um reboliço de pensamentos,
e quem diz outra coisa é anta.

Cada um tem seu jeito de amar, sua definição para amor. Mas o amor, ah, o amor... O melhor, e o pior dos sentimentos.
Fiel, como um cachorro. Idealizado, como um daqueles escritores do romantismo. Doloroso, feito uma picada de abelha. Feliz, como eu... como você.

Um comentário:

  1. "Hoje eu quero paz de criança dormindo
    E o abandono de flores se abrindo
    Para enfeitar a noite do meu bem
    Quero a alegria de um barco voltando
    Quero ternura de mãos se encontrando "
    Só um trecho de Dolores Duran.
    Adorei o poema,Gregório de Matos é incrível!

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