quinta-feira, maio 13, 2010

Espelho.

Às vezes, me olho no espelho e não sei quem está projetado naquele reflexo.
Me lembro de quando eu era apenas uma criança, brincando de viver, me via no espelho e imaginava como seria ser gente grande, ter responsabilidades e contas para pagar.
Hoje, percebo que deveria ter aproveitado mais aquela época.
Não que eu tenha lá responsabilidades tão dignas de preocupações assim, ou contas para pagar. Mas a hora está chegando...
Está chegando a hora de andar com meus próprios pés (jura? pensei que fosse andar com o pâncreas, enfim...). Está chegando a hora de cortar laços.
Podiam inventar um espelho no qual você mudasse o que não te agradasse. Mudasse e pudesse se ver de novo, do jeitinho que você era antes. Aqueles olhos que não haviam derramado uma lágrima de dor. Aquela testa que nunca tinha se enrrugado antes de preocupações, por mais banais que tenham sido. Aquele semblante puro, calmo e inocente. As feições de criança, a sua infância. Um espelho que permitisse a você voltar e viver tudo de novo, apenas olhando. Como um filme.
Mas a faculdade me espera.
O mundo de verdade me espera. A realidade começa agora. É a hora! Os dados já começaram a rolar.
E você, Eliza? Para onde vai correr dessa vez?
Para lugar nenhum.
Dessa vez vai mudar tudo, mas o que você mais quer é mudar. Dessa vez você vai ter responsabilidades, mas você adora ser responsável.
ooops, antítese encontrada.
Como adorar ser responsável se você é irresponsável?
Yeahp, that's me.
Prazer, Eliza. Sinta-se à vontade.




(Um pouco inspirado no conto Espelhos de Luiz Fernando Veríssimo)

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